“Entrenterros” é um curta-metragem cômico com nuances dramáticas. Acho que só de entrar nesta empreitada já comecei a viver uma comédia. Quando estava gravando o video já me deparei com situações muito interessantes.  A morte é definitivamente um temática que leva os seres humanos ao limite. Meu porteiro, inclusive, não queria deixar eu descarregar o caixão com medo de que tivesse um morto no prédio. E por assim vai!

Um projeto extremamente pessoal, inspirado em vivências própias e construído porque a questão da morte sempre me cativou. Tornar a morte o panorama de fundo do meu projeto me realiza. Quando pensei no roteiro, lembrei imediatamente dos filmes “Quatro Casamentos e Um funeral” e “Um Lugar chamado Notting Hill”, ambos roteirizados por Richard Curtis, o projeto busca um humor ácido, emoldurado de velórios, com uma pitada de absurdo. Quanto ao primeiro filme, a inspiração vem dos recortes específicos da vida de um grupo de pessoas para narrar a trama. Já no segundo filme, é possível retirar situações absurdas que ajudaram comicamente na construção do roteiro. Esses filmes me ajudaram a construir o tipo de humor que eu desejo para a trama.

O desenvolvimento ocorre a partir da relação de Carmen e Emília, mãe e filha, durante uma série de recortes de velórios familiares apresentados de forma não cronológica. Dentro dos velórios explana-se a condição de uma família, que apesar de tradicional, possui diversas excentricidades. Emília se encontra muito aprisionada nas fantasias de sua mãe, que por sua vez, está descontente frente ao fracasso do seu ideal de filha. A questão da morte, que emoldura a estória, suscita a transformação do laço familiar gerando uma separação, saudável e necessária, entre ambas.

O ponto de vista narrativo oscila entre Emília e Carmen. Dentro do curta a apresentação do conflito das protagonistas ocorre de forma linear. O acting será naturalista permeado por situações absurdas. Cada cena deixa uma pergunta que será respondida dentro da cena subsequente, fazendo com que o espectador persista amarrado dentro da trama. As quebras de expectativa aparecem durante toda a narrativa propiciando leveza a uma temática densa como a morte. Além disso, as gags antecedem ou sucedem os beats de roteiro que são dados por ambas protagonistas.     

O projeto não se propõe a promover uma solução improvável, por isso o desfecho é fiel a construção psíquica das personagens. Tratar sobre a relação mãe-filha dentro de experiências de velórios, de uma forma leve porém ácida, questionando aspectos da tradição é o que desperta a atenção no curta.
 

FOTO DE EQUIPE

Paula Soares. DIREÇÃO e ROTEIRO. Bacharel em Psicologia pela UNIFACS, pós-graduada lato-senso em Psicologia Social pela UNIVERSIDADE BAIANA DE MEDICINA, pós-graduda lato-senso em Sexualidade Humana pela USP, atendeu ao Curso de Formação em Psicanalise pela EBP-BA, atendeu ao Curso Intensivo de Cinema na AIC. Estagiou como: Ass. de Figurino na série TDFA, Ass. de Continuidade na série Experientes, Ass. de Direção na série EDG. Atuou como produtora do curta "Santa Virgília" e do curta "Filme de Quarto". Atualmente produzo um curta-documentário Meridiano.

Ana Zavascki. DIREÇÃO DE ARTE. Designer e ilustradora em São Paulo. Formada em Design Gráfico pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Estudei Design para cinema e TV na Nottingham Trent University, Reino Unido no ano de 2014 e em 2017 participei do curso de Formação Livre em Direção de Arte na Academia Internacional de Cinema de São Paulo. 2017 - Direção de arte para Curta metragem Orgias Para Passarinhos. 2018 - Direção de Arte para Curta metragem Papa-Figo. 2018 - 2ª Assistência de arte para Série Terrores Urbanos.2018 - Produção de Arte e Design Gráfico para longa metragem Helen

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